Vila Cova da Lixa

Vila Cova da Lixa fica situada no Norte de Portugal, entre Douro e Minho, no Concelho de Felgueiras, distrito do Porto e província do Douro Litoral, circundada pelas serras do Marão, Gerês e Peneda. Dista da sede do distrito, cerca de 50 km e da sede do Concelho 7 km. Possui uma área de 4,7 Km2. Está rodeada pelos concelhos de Amarante (10Km); Lousada (18 km) e Celorico de Basto (27 km). È atravessada pela EN 101, que liga o Minho à Trás-os-Montes; a Sul é servida pela EN 15, que liga o Porto a Vila Real e pela A 42 que liga a cidade da Lixa ao Porto e a Braga. 

Vila Cova da Lixa caracteriza-se pelas suas terras baixas, como aliás é sugerido pelo seu topónimo “Cova”. Possui algum património cultural e edificado: a Igreja de Vila Cova da Lixa, a Casa da Torre (com capela e fontanário armoriado) e a Capela de São Roque. Tipicamente montanhoso, destacando-se o monte do Ladário (monte encantador do qual se desfruta um maravilhoso panorama sobre Felgueiras), Amarante, Lousada, Celorico, Marão, Senhora da Graça, os montes da Penha, o parque do Seixoso (antiga estância termal) em Borba de Godim, e o Alto de Santa Marinha, sobranceiro a Aião e Vila Verde. É demarcada por uma paisagem característica da Terra Verde que nos dá um aspeto de semblante invulgar. Por toda a parte se avistam jardins aprazíveis, em que a verdura predomina, campos cercados de vides, de enforcado e de veredas engrinaldadas. Pequenos outeiros arborizados, ermidas brancas, casas antigas e modernas e, uma ou outra fábrica. Os vinhos verdes, os bordados regionais, as festas em honra do Divino Salvador e Nossa Sra. das Vitórias, e o forte dinamismo comercial são hoje em dia, as suas imagens de marca. No setor económico destaca-se aqui, para além do comércio a agricultura nomeadamente os vinhos verdes, a produção de kiwis e a agricultura de subsistência, o artesanato, através dos bordados tradicionais e a pecuária, mais precisamente a criação de gado bovino.

O seu orago é o Divino Salvador. Vila Cova da Lixa foi sede de “Julgado” e as suas origens remontam para tempos anteriores à Nacionalidade, adivinhando-se aqui, um claro exemplo da influência romana. O primitivo povoamento, certamente castrejo, situar-se-ia no “Monte Ladário”, por onde passaria a estrada, anterior à própria romanização, que partia da capital dos Calicos (Caladuno), entrava no concelho por uma ponte em Vila Fria, seguia por Pombeiro e Padroso, passava pelo atual centro de Felgueiras, atravessava a Várzea e Caramos junto ao mosteiro), seguia por Espiunca até Lixa, de onde descia até Amarante; junto a Padroso, entroncaria uma outra via, que seguia para Vizela. Estas estradas passavam junto aos principais castros do concelho e funcionavam como vias de comunicação fundamentais para os povos de então. A primitiva povoação, depois de cristianizada, ergueu um pequeno oratório e um núcleo de poucos monges, dos quais não restam notícias.

As Inquirições de 1220, referem-se aos vários casais existentes na freguesia, repartidos pela Igreja de Vila Cova, pelo Mosteiro de Caramos, pelo Mosteiro de S. Pedro de Ferreira e pela Igreja de Santa Maria de Airães.

O instrumento notarial de 1371, suscitado por se terem apresentado dois pretendentes aos frutos da igreja paroquial, vem pôr termo aos sucessivos atropelos, do direito de padroado, obrigando os seus legítimos padroeiros a apresentarem os seus títulos de posse, renunciando a eles em favor de um seu prócere: “somos e uimos do linhagem dos Gundufes (…) e todos iuntamente de liures uaontades como padroeiros Verdadeiros que somos da igreia (…) fazemos doaçam de todo o direito padroado que nella hauemos a Lourenço Aires Cleriguo abade de Santa Ouaia de Oliveira (Barcelos) e a todos os seus sucessores.”

A atual Igreja Paroquial foi construída em 1713, tendo sido aproveitada a silharia do templo que a antecedeu, que deveria ter sido românica, provavelmente datada de 1148. Também merecedoras de referência são: a Capela de S. Roque (1599); a de Nossa Senhora das Angústias, fundada em 1656, na Quinta da Teixeira; e a Casa da Torre, edifício brasonado, outrora na posse do Barão da Torre de Vila Cova da Lixa. De salientar ainda, alguns nomes proeminentes desta freguesia, tais como o Zé do Telhado, o Dr. Leonardo Coimbra e Sebastião Babo. Sendo Vila Cova da Lixa detentora de propriedades que favorecem a prática da agricultura, os seus habitantes dedicam-se essencialmente à produção vinícola; a restante população ativa distribui as suas atividades económicas pelas indústrias: têxtil, de calçado, de transformação de madeiras e metalomecânica, bem como pela construção civil. A apicultura é também uma atividade muito desenvolvida, comum em quase todo o concelho.

 

Borba de Godim

Borba de Godim encontra-se no extremo sudeste do concelho de Felgueiras e é uma das terras que constitui a importante cidade da Lixa. O seu povoamento remonta à época pré-histórica. Borba de Godim dista cerca de 7km da sede concelhia e tem por orago São Miguel. O topónimo Borba de Godim deriva, segundo a tradição local, de Borba, o Deus celta das águas, e de Goodwin nome suevo. A primeira referência documental relativa a Borba de Godim data de 1136, numa sentença julgada por D. Afonso Henriques, primeiro rei português, a favor dos descendentes de D. Analso Guiçóis, fundador da Igreja local no século X. Borba de Godim pertenceu ao concelho de Celorico de Basto antes de ser integrada em Felgueiras. 

No século XV, a paróquia de São Miguel de Borba de Godim foi anexada à de Agilde. Os seus bens passaram à posse da Ordem de Cristo. Borba de Godim beneficiou do foral atribuído por D. Manuel I, em 1520, a Celorico de Basto. Em 1794, foi mandada edificar uma capela na freguesia, à qual chegaram, alguns anos mais tarde, as relíquias do Mártir São Bonifácio e de outros santos, retirados do cemitério de Santa Ciríaca. Estas relíquias vieram acompanhadas das devidas certificações e proporcionaram à paróquia, por documentos papais, indulgências, privilégios e isenções. Na área de Borba de Godim ocorreu, a dois de abril de 1834, mais precisamente no Monte das Vitórias, uma grande batalha entre liberais e absolutistas, comandados respetivamente pelo General Torres e pelo Brigadeiro José Cardoso. O povo conserva na sua memória uma lenda relativa a este episódio. 

Em termos patrimoniais, a Igreja Paroquial de Borba de Godim mantém ainda alguns elementos originais. Foi, no entanto, muito adulterada com acrescentos posteriores. Salienta-se neste templo a silharia, muito bem tratada. Conserva a cachorrada, em toda a extensão das paredes laterais. A sul, os modilhões de apoio ao lacrimal. Todo o corpo da igreja é revestido, interiormente, por azulejos. O tecto é em caixotins de fundo pintado, com desenhos ornamentais barrocos muito bem conservados. Diversos autores consideram-no o mais bonito tecto do concelho. Merece destaque o retábulo do altar-mor, com talha regional e excelente estatuária barroca. Na parede da capela-mor que dá para a sacristia, está gravada uma inscrição, que recorda a fundação da Igreja. Outras duas inscrições recordam paroquianos aqui sepultados. Foi igreja de enorme importância no século XVIII. Em 1795, eram necessários mais de trinta padres para confessar todos os fiéis nos dias de Jubileu. Chegavam a juntar-se nessa altura mais de mil pessoas, vindas de todas as freguesias em redor. O Paço de Borba é um velho solar, muito arruinado, que conserva pouco do seu antigo esplendor e da sumptuosidade de outrora. Mantém uma escadaria imponente, de dois lanços, com um patamar alpendrado, e neste, duas colunas com bonitos capitéis. A Estância do Seixoso é um Edifício de grande envergadura, rodeado por enormes pinheiros e eucaliptos, construído no século passado para sanatório. Em 1904 um pavoroso incêndio destruiu-o parcialmente. O seu proprietário, Dr. António Cerqueira Magro, mandou-o reconstruir não para continuar como sanatório, mas para Estância de Repouso. Tinha como médico permanente o distinto Dr. Eduardo Freitas, natural e residente na Lixa na Casa da Prelada. Depois da sua morte sucedeu-lhe o Dr. Manuel Cerqueira. Pela sua mesa, pelos seus belos ares, pelo seu sossego e pela maneira como os seus hóspedes eram tratados, o Seixoso que só funcionava de Maio a Outubro, tinha grande afluência de hóspedes. Por lá passaram Condes, Marquesas, Generais, Médicos, “Gente Rica”, não só portugueses como estrangeiros, passavam as suas férias no Seixoso. Nasceu em Borba de Godim Leonardo Coimbra, filósofo, escritor e professor universitário. Foi uma das maiores figuras da cultura portuguesa da primeira metade do século XX.

Na área da freguesia existem várias minas de estanho, apesar de atualmente se encontrarem desativadas. A agricultura e a vitivinicultura continuam a ser as atividades principais da economia local.

 

Cidade da Lixa

A Lixa, é uma terra com muita história. Quer por ser um ponto de trocas comerciais, batalhas travadas ou, até mesmo, pelos seus Cultos, Lendas e crenças.

A Lixa, situa-se entre a cidade de Amarante e a cidade de Felgueiras, entre a região do Douro e Minho, também conhecida por TERRA VERDE.

Não se conhece bem a origem da palavra “LIXA” há quem defende que a palavra pode derivar de “LISA” e, mais concretamente, de “SERRA LISA” como seria chamado antigamente o terreno elevado, mas plano, que principiava na Cerdeira das Ervas e acabava no Alto da Lixa.

As primeiras e modestas edificações da Lixa, surgiram na forma de um alinhamento, que  originou uma pequena rua, “Rua Velha ou Rua da Lixa” próximo da capela de Santo António, tais edificações foram-se progressivamente alargando mais para sul até ao Largo da Cruz, (atual Largo 1.º de Abril), nome que deriva do cruzamento da Rua da Cruz, com o seu casario e a estrada vinda do Nascente das terras de Basto, esta última subia até ao Ladário, encontrando-se com a estrada vinda do Litoral Poente, Terras de Penafiel, a poucos metros de S. Gens, onde se fazia a ligação com a estrada vinda de Trás-os-Montes e do Minho. Já nas últimas décadas do século XIX, com a construção da Estrada Real, hoje Via Nacional 15 que liga Porto a Bragança, a Lixa passou a ser o fulcro central rodoviário de todas as Vilas e Cidades destas províncias. Sem esquecer, a estrada nacional 101, que liga Valença a Mesão Frio passando bem no centro da Lixa.

Na Rua Nova ou (Nova Rua), que liga ao Poeiro. Local que em tempo se criaram estalagens para os viandantes que se deslocavam entre os caminhos, a Lixa era ponto de paragem, para efetuarem trocas comerciais ou mesmo para um descanso na viagem. As moradias aumentaram ao longo de toda a Rua Nova, no Largo, (onde hoje é o centro da Lixa), na parte nascente até ao Ladário. Sendo hoje em dia poucas as casas existentes dessa altura. 

Pela localização, as pessoas (comerciais e agricultores), vindos dos diferentes sítios tinham a Lixa como ponto estratégico para fazerem as suas atividades económicas e as trocas de produtos.

Outro acontecimento importante que marca a história da Cidade da Lixa, foi a batalha entre D. Pedro e D. Miguel (2 de Abril de 1834). Esta batalha foi um acontecimento histórico, efetuou-se no Monte do Ladário, onde a vista era deslumbrante e distante. Esta batalha fez muitos mortos, parte deles foram sepultados na igreja de Borba de Godim, os de D. Miguel dentro da igreja e os D. Pedro no exterior, é que a preferência do clero assim o ditava como alguns habitantes da Lixa, a nobreza e o povo estiveram com D. Miguel sofreram uma grande humilhação. Em sequência desta batalha, os liberais (além de serem poucos), começaram a chamar Senhora das Vitórias, a uma imagem que existia numa capela ao lado da atual capela.

Antes disto, o culto religioso era feito a Nossa Senhora de Aparecida. Depois desta batalha o culto religioso passou a ser a Nossa Senhora das Vitórias e assim se começou a promover e venerar esta adorada padroeira dos Lixenses.

No século XX, ano de 1933, a 20 de Abril, a Terra da Lixa passa a VILA, e passado 62 anos, é elevada à categoria de cidade, a 21 de junho de 1995.

Vários são os nomes de ilustres cidadãos que estiveram ligados à história da cidade, tais como:

Leonardo Coimbra (1883-1936) – Docente Universitário, Filósofo, Tribuno, Político, Escritor e Ministro.

António Manuel Cerqueira Magro – Médico, responsável pela construção do sanatório do Seixoso, (1º privado construído em Portugal) e pelo Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios.

António Nobre (1867-1900) – Ilustre poeta Português da época.

Eduardo Freitas (1866-1926) – Médico e Escritor. 

Sebastião Babo (1933-1988) – Pintor

Teixeira Douro – Professor de música, respeitado e distinguido regente da Banda de Música da Lixa.